UFVJM Forma e Transforma: conheça algumas de nossas histórias

"Filha de lavradores, nasci numa família de 8 filhos, no interior de São Paulo. Na busca de um meio de ganhar a vida para sustentar tantas bocas, Minas pareceu a solução para o meu pai, que nos trouxe no final da década de 90. Sem muito sucesso no investimento, decidiu seguir a cultura da região: deixar os filhos com conhecidos para garantir o estudo e alimentação. Comecei como doméstica aos 8 anos. Não tinha nada a me apegar, além dos livros. Meu pai sempre dizia, antes de desaparecer, que a única coisa que não poderiam me tomar era o conhecimento.

Agarrei-me a essa fala como se fosse escudo. Sempre estudei em escola pública. Em meados do ano de 2006, o terceiro ano do ensino médio parecia o divisor. E agora? Quando soube da chegada da UFVJM em Teófilo Otoni, estudar se tornou o alimento. Foram noites às claras, livros e mais livros emprestados. Resultado: aprovada! Estava dentro de um curso superior, universitária. Era a primeira a ingressar em universidade da família, filha de pais analfabetos.

Parecia um sonho. Amadureci, aprendi, enriqueci meu ser e meu saber sobre o mundo, esse mesmo que carece de tanta transformação. Tornei-me um ser humano crítico, propositivo, criativo, sensível, conhecedor de culturas e saberes. A graduação encerrou-se em 2011. Veio o desemprego, subemprego e, finalmente, o emprego, em 2013. O ano seguinte, 2014, foi o ano em que passei em 1° lugar no mestrado em Serviço Social pela UFRJ, um dos mais concorridos do país.

Hoje estou como professora substituta na UFVJM. Se a universidade me transformou?! Não, ela resgatou a minha vida, resgatou um sonho. Permitiu a projeção de um futuro presente construído por várias mãos que acreditaram no potencial de minha individualidade, arrastada por este Brasil de exclusão do pobre e negro dos espaços do saber."

Sandra Rodrigues dos Santos

Ex- aluna e atualmente professora da UFVJM

Last Updated on Monday, 01 July 2019 13:12